sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Carta aberta ao Continente / E eu morro

“No dia 07 de dezembro de 2001 acontece um acidente no navio que fazia o trajeto entre a costa da Irlanda e Reino Unido. O navio naufragou na costa depois de uma tempestade que devastou todo o continente. Dentre todas as vitimas da embarcação foi achada uma carta no bolso do casaco de um dos tripulante, carta aberta ao a-mar”.

Foram tantos anos em alto mar/amar que me senti sozinho durante o tempo em que ficamos distantes. Do nosso amor, eu não tiro nada. Deixo o tudo. O absolutamente tudo. Fomos perfeitos. Somos perfeitos. Errei. Admito. Mas errei por amar demais. Não espero que entendas isso, mas espero que me perdoe. Te amo como jamais amei alguém nessa vida. Ou em qualquer outra vida. Acho que todos os momentos foram perfeitos. Tentei achar algum problema na nossa relação e não encontrei nada. Fomos o casal mais perfeito que o mar e continente já viram. Todos os dias ao seu lado pareciam que eram os primeiros. Todos os dias. Sem tirar nem por. Todos os dias eu conhecia um pouco mais de ti. Todos os dias eu aprendia mais. Todos os dias eu te amava mais (se é que isso seja possível). Todos os dias o pôr-do-sol era vermelho. Todos os dias eu senti tua falta. TODOOSANTODIA. Meu olhar sorria toda a vez que encontrava o seu. Minha boca se abria toda vez que encontrava a sua. O amor por ti não tem nem palavras, adjetivos ou qualquer outra coisa. É algo de outro mundo que nem mesmo o mar explica. Mar/Amar. Até rezei para um Deus que não acreditava, mas não deu em nada. Somente nós e tão nós fomos capazes de saber o que sentimos um pelo outro. Gritei aqui, em todos os sete mares TEAMOMUITOMEUAMOR. Esbravejei, chorei, cantei e sorri. Nada pode tirar do meu peito isso. Esperava um dia o seu retorno. Não aconteceu. Espero um dia conseguir te entregar essa carta. Do seu amor. Do seu maior amor, pequena.
Cuide de sua saudade e se cuide sobre suas amizades.
"Todo sopro que apaga uma chama reacende o que for pra ficar..."

PS: O mar ainda continua esperando o continente.


Infelizmente a carta nunca chegou a seu destino...



Observo...

tudo de longe.
e vejo tudo passar.
passando.

Oceanos e sussurros

Essa noite meu coração esbravejou sussurros e simplesmente vazaram como o mar. Tempestades atrás de tempestades oceânicas. Está acontecendo.


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Que.assim.seja

Em meio aos meus pensamentos durante a viagem lembrei de uma linda canção que enche meus olhos de alegria quando lembro. Ela diz que não importa o lugar e sim onde o coração está.

"Meu amor, tudo vai melhorar.
Alguns dias ruins todo mundo tem e é bom que aconteça com a gente também.
Pra sentir os pés no chão e assim poder dançar conforme a música tocar.
Me espera em casa que eu já saí da cidade, levando na mochila cem quilos de saudade, pra mostrar que juntos somos um e não importa o lugar e sim onde o coração está.
Oh, meu amor, tudo bem.

Sei que vai ficar tudo bem. Amém."

Celtic Sea

Partimos hoje em direção ao Mar Celta, senti nos olhos da tripulação o alívio da partida. Alguma coisa estava presente no ar. Uma alegria, tristeza, vazio, amor... não sei dizer ao certo, mas estava ali.
A sensação de despedida nos rostos de todos.
um jogo chamado "só de dois".

Rasgo de lembrança

Como era tudo aquilo mesmo?

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Sem

De surpresas bem boas logo cedo.
O mar sem onda.
O céu sem nuvens.
As coisas assim.
Sem elas.
Doce amigo, você já está melhor. Pensa nela apenas 30" por minuto do seu tempo.

Sobre Cheiros e Sonhos

Bom mesmo é poder dormir assim... com esse nosso sonho que cheira a algo parecido com um “euteamotantomeuamor”.




(cançãodeparede)

Lembro de ter lido na parede de um dos cômodos do navio uma bela canção que dizia:

"Just between
You and me
I don't know what i'm doing here
In your room
Close to you (...)
Anyway i'm here.
Just between."

Mais ou menos isso.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Horizonte Onde

Embarcamos para mais um dia no oceano. O horizonte é único.
As luzes do sol refletem no mar, tudo é um espelho, cristal.

Temos muitas horas até chegarmos no local.
Levantei hoje com um pressentimento sobre essa embarcação.
Todos estão bem e sorrindo. Parece um clima de despedida, não sei ao certo.
Sorriso longo de olhos fechados e uma respiração ofegante.

Acho que sinto. Imaginei o céu.


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Renton

Janelas grandes são boas
pra trazerem bons ventos.
me bagunça o céu.
transborda sempre.
pernas tremem.
coração sorri.
borboletas sempre que vejo.

o mar é logo ali.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Nos Resta.

Cresço todos os dias um amanhã que um dia fomos. E cada dia mais. Me perco. Me peço. Me messo.

Bagunça o Céu

.... o meu céu...
com todos os ventos juntos... te trouxeram. E você chegou.
rasgou.

juntou.

Oceano Transborda

Gosto de pensar que o barco é um amontado de árvores que antes de virarem barco eram todas amigas que conversavam com as estrelas e o sol. Agora são um amontoado de sal cheio de água por vezes verde pérola seus olhos e outras vezes azul enigmático. Gosto de pensar que o oceano gosta de brincar de ser o céu mais celeste que o próprio céu, só por birra de parecer mais lindo.

Meu corpo cheira a sal oceanico. Sorrio suas lembranças como ainda fossem o pôr-do-sol-vermelho-mais-lindo-que-existe. Como o primeiro dia que te vi. Te vejo todos os dias como se fossem os primeiros e como se nunca houvesse de chegar o infinito. Todos os dias na minha memória, sem um dia sequer de deixar de serem os últimos. O oceano sorri pra mim. O barco navega. O oceano transborda. Transbordo você. Todo o santo dia. Meu coração grita. Susurra. Te chama. Berra incansavelmente. Ele grita. TEAMOCOMTODAAMINHAFORÇADEUMBARCOGIGANTE.

Tuas lembranças enchem meu peito de uma maneira que acho que explodirei o céu.

Explodir-me-ei 
em tantos pedaços
de uma forma tão bonita
que nada mais vai IM-POR-TAR.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Sabendo

Longe e tão perto. A curva do céu se abre. As estrelas estão cada vez mais brilhantes. O céu é lindo a noite. Curvamo-nos ao tudo e ao todo. Crer-sendo. A-mar.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Sobre os Ventos

A ordem das coisas sobre a não ordem das coisas.

O vento leva e trás o barco de acordo se o motor está ou não ligado.
O vento faz estragos, mas também leva a tempestade.
O vento faz música, te trás frio.
O vento está ali, sem cor, sem cheiro, sem alma. Ele simplesmente está.
O vento destrói ao mesmo tempo que constrói. Tudo se constrói.
O vento habita.

O vento vê. Tem brilho um sem cor.
O vento trás a esperança.
O vento vê-ti-vê.
O vento une-desune.
O vento é amigo. Ele faz as ondas que mudam o ritmo e a habilidade de sonhar.
O vento se perde.
O vento não existe.

O vento muda a direção.
O vento cala.
O vento ... é você.


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Sobre um verso frances

Navegando pela costa francesa o mar é calmo e doce, tem dias em que o sol demora mais pra se pôr. Eu aqui sentado depois de mais um dia de trabalho braçal. Tudo vem se encaminhando conforme o combinado com o capitão. Logo mais voltaremos pra casa. Longos meses navegando. Paris é logo ali. Sempre lembro daquele lindo verso:

"Et ce moment qui apartient à moi. Et j'irais savoir, c'est que ce moment là n'appartenait qu'à moi, Mon coeur grinçait."

Espero que aqui no mar esse pôr do sol jamais deixe de ser vermelho.

O oceano é infinito.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O sorriso do mar

Esse grandioso mar que é o silêncio que acalma. Ouço somente as gaivotas e as ondas quebrando no casco do navio. Dançando com as nuvens e deitado na proa. Assim vai... assim vou.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Sobre a Dança das Ondas

"Por trás de conquistas existem perdas" disse um de meus companheiros de embarcação. Viveu na ausência e na solidão por muito tempo. Havia deixado sua semente plantada onde a neve já sobrepunha o broto que crescia ali. Retomamos o destino a costa do mar calmo que encostava o Reino Unido. Amava aquela região, visto que não se via quase nada durante o dia e se via as estrelas mais brilhantes durante a noite. 6 dias atrás estávamos na Ilha Saudade que lugar lindo, lá havia carinho, sorrisos, lembranças, um lugar cheio de vida e CORAÇÃO. Pesa que quase afunda o barco.

(.coração.)

O mar continua aqui. O barco também. Flutuamos através das ondas.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Cartas Sobre Cartas

Reli todas as cartas ontem a noite enquanto olhava para o mar. Era muito confuso pois o meu passado se funde com o meu presente-futuro, tipo céu-mar-continente. Todos são um só refletindo através do brilho da lua. Os dias aqui na Saudade parecem intermináveis.

O mar continua aqui esperando o continente.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Sobre a Ilha



Estamos ao redor da ilha da Saudade, realmente a sardinha aqui é em abundancia. Estava mexendo em um bau velho quando encontrei uma carta escrita por Lêla para André. A carta era datada de 6/1/92. A carta falava sobre o amor de Lêla por André, parecia-me muito intenso pelas palavras dela, dentre inúmeras frases bonitas uma me chamou atenção, Lêla escreveu:
"Estar perto não é físico" - essa frase me lembrou uma frase de Nunes que dizia:

"O tempo, o do amor, não dura, posto que não passa, ecoa".

Essas frases andam de mãos dadas na minha opinião, apesar de entender que estar perto NECESSITA ser físico e o amor não.

Teremos mais alguns dias de pesca ao redor da Saudade, logo mais atracaremos na ilha e tentaremos vender a mercadoria arrecadada. Enquanto isso eu levo uma saudade no peito tão grande que tenho medo de afundar o navio. Sinto tanta falta de te dizer "bom dia, boa noite, como foi teu dia, dorme bem, sinto tanta falta do teu cheiro, um simples oi, um sorriso dizendo tudo, nossa como eu te amo". 
Dói tanto.

Ficarei algum tempo sem poder escrever devido ao intenso trabalho no navio.

(.querosumir - querovocê.)

Te amo do tamanho de uma constelação e um arquipélago de ilhas.


O mar continua aqui esperando o continente.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Sardinhas.

Não lembro da última vez que saí de casa. Acho que tem alguns meses que estamos nesse azul sem fim.
Vamos a caminho da ilha Saudade. Capitão falou que nesse época do ano as sardinhas são em abundancia lá. Os dias parecem não passar nunca, principalmente quando falta algo. Juntamente com 3 amigos da tripulação passamos o tempo jogando cartas e falando sobre bobagens. Assim ajuda a passar o tempo. Sempre olho o relógio e parece que o tempo está ali. PARADO no mesmo lugar. Ponteiros em linha reta como se fosse um pôr-do-sol-sem-nada. Ontem foi um dia dificil. Talvez o pior deles no navio. Precisava escrever algo no momento. Passou. Hoje confundo o céu azul com o oceano.
Eles parecem ser os mesmo. Em comum acordo. 
Estão ali. Prestigiando e vigiando a nossa busca por sardinha. A vida é boa. Já citará aqui uma vez. Ela é muito boa. As coisas estão mudando. O mar muda.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Sobre o Impacto do Vento no Oceano.

Tenho um amigo que trabalhou na primeira infantaria naval da costa da Escócia. 

Lá ele me disse que a saudade demora um pouco mais pra passar (nunca entendi aquilo), contou histórias bonitas sobre a Islândia, ele era um cara sábio e vivido. Contou que já viveu um grande amor. Mas que perdeu por falta de atenção. (não entendi o que ele quis dizer com isso, pois na minha opinião muitas vezes pelo amor podemos passar por cima de MILHÕES de coisas). Continuou falando sobre os sentimentos pós-término-decepção-tristeza-amor. Hora tenho espasmos gelados cheios de neve e casa no alto de uma colina com milhares de gatos. E tudo parece tão você, tão verdade, tão aurora boreal explodindo aqui dentro.

E então, o sol me espanca e acordo com um sorriso molhado e um vazio no peito.
(.de saudade.)

Meu peito dói, sorrio e durmo pensando em ti.
(Sinto teu cheiro)

A saudade me mata. Que dor horrível, citou ele no mesmo instante. Parei aqui por causa disso. Aqui? Exclamei! - Sim, aqui. No oceano. Olha pra ele! Não existe coisa mais linda que o mar.


"Eu sei que eu vou te fazer feliz dos pés até a ponta do nariz.
Da beira da orelha ao fim do mundo.
Sugando o sangue de cada segundo" 
Essa música do Arnando Antunes que não sai da minha cabeça tem dois dias.



O mar muda. O amor? Não sei. 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Olugarmaislindoqueelejapisou

E como ele já sabia, encontrava-se tudo como dissera. 
O continente está se afastando, ele partiu. Olhou duas vezes para a terra e como se forá o capitão a bordo pegou o leme e se afastou. Não foi uma decisão tomada por ele, longe disso. AMAVAAQUELELUGAREAQUELATERRA. Mas a tripulação precisava partir. Sabia que mais pessoas dependiam dessa partida e o que lhe restou foi o cheiro daquele lugar. A curva do céu mudou, agora é reta. Linha reta constante. Linha reta em alto mar. Alto amar/sonhar.